Quando mais se precisa, nos dão as costas...
Quando estamos prestes, a desabar de uma vez, ou a desatar o nó que nos prende, nos estendem a mão ardilosamente em benefício próprio e interesseiro...
Criando um rastro de migalhas rumo a uma gaiola invisível...
Artifício de quem percebe que está prestes a perder a quem nunca deu valor, mas do qual, na verdade, sempre precisou...
Não prego aqui a ingratidão...
Apenas digo, que...
Entre favores...
As vezes é difícil saber quem realmente é o favorecido...
Em sua ganância...
O ser-humano vive a insistir em subestimar a inteligência e a capacidade alheia...
Com a ridícula mania de engendrar maneiras de tentar inverter valores e importâncias...
Com o bestial e desumano costume, de subjugar o outro, embargando-lhe os meios deste obter crescimento e liberdade...
Fazendo-o precisar cada vez mais e mais de seus obséquios...
De modo, que este se prenda cada dia mais em suas teias de dependência e gratidão...
Se enterre mais a cada momento, nas areias do desespero e do jugo...
Deixando-o confuso e incapaz de sair do lugar, ao qual, o outro acha que este pertence....
Tornado-o na verdade...
Seu pertence!
Um mero objeto e joguete em seus esportes materiais e psicológicos!
Em tacadas de manipulações, mascarando o abuso, o domínio e a vaidade!
Quando um fio de clareza e oportunidade se-lhe apresenta...
Quando vislumbra a silhueta das chaves de suas correntes...
Vê-se envolvido, por nuvens de promessas de benefícios e bondade duvidosa...
De reconhecimento merecido, porém, tardio e fingido...
Na infame tentativa de lhe aplacar a ambição e o desejo de independência...
Acolchoam-se-lhe as algemas, com belo e confortável veludo de ilusão...
Na vil tentativa...
De perdurar a escravidão!
Simone Tavares.