Sejam bem vindos!

Meu nome é Simone. Bipolar e criativa! Um paradoxo ambulante...fácil de amar e difícil de aturar!!!
Em meu blog vocês poderão encontrar textos e vídeos de minha autoria, bem como outros que eu julgue pertinentes aos assuntos aos quais resolva tratar no dia, ou na fase pela qual estiver passando...e,como não consigo conceber uma vida sem música, vocês encontrarão também vários clipes e letras, como também, vídeos e mensagens , de variados artistas.
Aqui, não contarei detalhes de fatos de minha vida...não darei opinião sobre nada...nao farei apologias, nem mesmo abraçarei causa alguma (lembrando que: como sou contraditória as vezes, isso não chega a ser uma promessa!rs...)... apenas deixarei minhas impressões particulares a respeito dos mesmos, da forma mais criativa que me venha a ser possível...juntando textos, imagens, sons e idéias...a quem "possa", ou "consiga" apreciar!...Mostrarei idéias um tanto quanto complexas a primeira vista... das realidades que "nos" cercam em "meu" mundo...um mundo que só me é peculiar nas impressões...porque no fundo..nossas realidades são exatamente as mesmas!
Onde só o que é diferente... é a capacidade de enxergar e aprender com a observação, daquilo que está dentro e fora de nós mesmos...

E SOBRE TUDO...ENCARAR, ACEITAR E ASSUMIR QUEM DE FATO SOMOS!!!

.....................

Estou aberta a sugestões, embora não garanta acatá-las, espero que gostem.

Obrigada e beijos!


“A única liberdade verdadeira, é a liberdade de criar. O único vôo totalmente seguro, é o da imaginação. O único bem que ninguém pode nos furtar, é o saber. E a única licença irrevogável, é a poética.”

Simone Tavares da Silva.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

As mãos da olaria




Vaso de argila a quatro mãos...
Mais um par e já são três...
Que venha o quarto...
Eu não me importo...
Aqui tem barro pra todo mundo...
O fôrno ainda está quente...
E o torno de oleiro gira sem parar...



A fornalha vive acesa e ansiosa pra trabalhar!



Senta aqui, se não sabe o que fazer...
Estou disposta a te mostrar: 
O potencial que existe em tudo!

A arte na lama...
A terapia da dificuldade...
A satisfação...
Apesar de toda e qualquer condição!


Pega a massa com carinho...
Mas segura com confiança...
Aperta um pouco pra amaciar...
Aos poucos, com imaginação...
Tudo começa a se criar...
E sua obra  vai tomando forma em meio as suas mãos...


Mas é preciso paciência...
Pra coisa toda não desandar...
Equlíbrio na hora de usar o torno...
Perseverança pra ficar bonito...
Delicadeza no acabento...
E saber não desistir até a tarefa executar!



Simone Tavares

Relacionamento verdadeiro



Relacionamento verdadeiro...
É aquele, no qual...
As palavras adquirem uma importância secundária...

Onde um simples gesto...
Um olhar...
E o silêncio...

São capazes de mostrar verdadeiras narrativas daquilo que lhe vai na alma...
Que lhe passa pela mente...

Onde um simples toque de mãos, ou esbarrar de olhos...
Se tornam mais exatos que qualquer termômetro em baixo do braço...
Onde as ondas da temperatura cardíaca são precisamente aferidas...
Onde o remédio para qualquer mal...
É a mais absoluta compreensão e aceitação do caloroso e simples:
Afeto genuíno!

Sem grandes devoções ou martírios...

Sem cobranças, nem expectativas irreais ou absurdas!



O verdadeiro relacionamento...

É aquele no qual já não fazem mais tantos planos...
Pois já estão muito ocupados...
Realizando efetivamente...
Aquilo que se sonhou!



Simone Tavares

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Liberdade de expressão

" Liberdade de expressão é o direito de manifestar livremente opiniões, idéias e pensamentos. É um conceito basilar nas democracias modernas nas quais a censura não tem respaldo moral. "


Em síntese, por lei, liberdade de expressão é:

TÍTULO II
Dos Direitos e Garantias Fundamentais
CAPÍTULO I
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
 "Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:


I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva;
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;
 XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal; (Vide Lei nº 9.296, de 1996)
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer;
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional;"


Veja na íntegra: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm


sábado, 20 de agosto de 2011

Deixa ele em paz!


Dois amigos, adentram o saguão de um belo prédio, no centro do Rio de Janeiro...enquanto esperam a atenção do porteiro, que naquele momento encontrava-se ocupado, atendendo a um dos moradores, iniciam uma tola conversa:


"- Aquela foto desbotada, pendurada naquela parede...afinal...o indivíduo retratado, é preto ou branco?! Não dá pra ver direito... - começa, um deles.

-Será que a pessoa que a pendurou ali...lhe tinha grande afeto, ou apenas queria esconder uma rachadura?! - emenda, de forma infeliz, o outro.


- Vou perguntar ao porteiro! De todo modo, creio que esta deveria ser removida, pois destoa da decoração do local!- decide arrogantemente, o primeiro.

- Tem razão! Já que pretendemos morar aqui, nossa opinião terá que contar! Do contrário, poderemos não só retirar esta foto horrível, como também este porteiro de aspecto tão deprimente! - acrescenta o segundo, com sorriso cínico e olhar de repulsa, direcionado ao pobre homem, que dirigia-se-lhes para atendê-los.

- Realmente! Nenhum dos dois parece ser digno, de estar em local tão belo - finaliza o sujeito empertigando-se!"


...................................................................

Pode ser que sim...
E se não for...
Talvez o seja!



Louro, preto, moreno, amarelo, vermelho, branco, pardo, desbotado ou abatido...

Que diferença faz...?!

Deixa ele em paz!

Deixa ele falar...
Deixa se mostrar...
Pega uma faca...
Abre as entranhas...
Faz uma lobotomia...
Colonoscopia...
Ou seja lá o que quiser...

Mas faz qualquer coisa!

Antes de dizer que existe a diferença...
A superioridade...
Antes de tratá-lo como subalterno...
E tentar subjugá-lo à sua vontade...

Não lhe dê as costas...
Não o subestime...
Não pisque o olho ou lhe feche a porta...

Cuidado!
Não lhe dê chibatas e depois lhe entregue a enxada...
Não vai querer andando em suas terras, um cidadão completamente atordoado...

Atenção!
Não lhe mande esfregar o chão...
Talvez ele seja mais útil na chefia de alguma repartição...

Fique por perto!
Movido pela aparência...
Pode ser que tenha dado a direção de seus negócios a um sujeito desonesto...

Mas seja ele o que for...

Deixa ele em paz!

Deixa o homem trabalhar...
Deixa caminhar...
Amar...
Sorrir...
Dançar...
Viver...
Posar para fotos...
E  pendurar o que quiser na parede...
Sem questionamentos...

Em paz!!!

Lhe apresente à sua filha...
Afaste-o de sua mulher...

Faça dele um sócio...
Lhe dê carta de demissão...

Promova-o de colega à amigo...
Atravesse a rua quando o avistar...

Opções...
Opções...
Opções...

De acordo com a situação e o caráter de cada um...
Existem muitas opções as quais se usar no tratamento...

Apenas duas delas não são negociáveis...

A humanidade e a ausência do preconceito!


 Simone Tavares

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Família



Cada um...


Usa a muleta de que necessita...
Que lhe encaixa melhor sob o braço cansado...
Descrente...
E desmotivado!



A muleta do homem... 
É a família!


Ele se prende, se equilibra...
E faz dela...
Parte de seu corpo!

Uma continuação essencial e imprescindível...
De si mesmo!


É a família que o compensa e impulsiona a fazer...
O que deve fazer...


É a família que o obriga a decidir...
Da maneira necessária...


É a família que o faz...
Querer sempre mais...


A família o torna...
As vezes mais rígido...
As vezes mais maleável...
As vezes mais feroz...
As vezes mais doce...


A família, faz....

Com que uma menina...
Haja feito mulher...
Um idoso...

Porte-se feito uma criança...


A família o leva a trocar a pipa, pelo transporte público diário...
Na busca pelo trabalho...

Que trará o leite para a mamadeira de seu filho prematuro...


A família...
O leva a esquecer um pouco os negócios...
Sentar na sala e assistir um programa chato de domingo...

Após carinhosa refeição de mesa farta...
E cadeiras todas ocupadas!


Trocar a dieta...
Pela panturra de sentimentos...
E o raso do vazio...
Pelo peso de um coração transbordante...


Simone Tavares

Fechar a porta


Por mais doloroso que possa ser...
E difícil parecer...
É preciso saber desistir...
Fechar uma porta...
E nunca mais abrir!


 
Quando olhamos para um problema insolúvel...
Composto de causa inverossímel...
Acertado está...
Que não cabe a nós resolver...
Não está em nós decidir...
E não há o que fazer...


Entregar...
Desistir...
Pôr de lado e jogar sob o tapete...

 
De certo, que esquecer é tarefa árdua...
No entanto...
Admitir é preciso...
Que nem tudo está em nossas mãos...
Não pode ser manuseado pela vontade...
Nem manipulado pelo desejo...


O "é"...
Não deixa de ser só por causa de seu querer...

O "foi"...
Não se modifica segundo o arrependimento e a necessidade...

O "será"...

Bem...
O "será"...

 
Este sim, você pode tentar comandar!


 
Simone Tavares

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

À sua espreita


Desde seu primeiro suspiro...

Quando retirado violentamente, do ambiente escuro...


Onde havias se escondido durante tempos...

Chorando assustado ao encontro de um mundo novo...

Apartado...
Em fim sozinho...
Desprendido e entregue a mim...

 
Submetido a mim...



Eu já estava lá!...


Quando em seus primeiros passos...
Caías e choravas...
Machucava-te e saravas...


 
Eu estava lá...
Quieta ao canto...

Somente a te observar...


Em seu primeiro dia...

Indo só a própria sorte...
Atravessando ruas...
Interagindo com estranhos...
Despejando sorrisos e bom dias...
Comprando o pão e guardando o troco...


 
Sem perceber...
Você passou por mim...


Já na escola...

Durante os exercícios e brincadeiras...
O lanche e a dedicação...

Embora sendo simpática a seu esforço...
Não podia desviar de ti o olhar...
Era mais forte que eu...
Não cabia a mim decidir...



Portanto...
Quando ao fim das aulas...
Caminhavas para casa, contente e saudoso dos seus...
Louco para ver TV, soltar pipa e brincar com seu cãozinho...

 
Tinha que acompanhá-lo!


Na adolescência...

Tive que ser indiscreta...
Acompanhei de perto seu primeiro beijo...
Observei suas reações, vi que tinha muito ainda à aprender....
Participei de suas festas...
Bebi com você...
Embora estivesse a serviço...


 
Tive vontade de esmurrar quem mexeu contigo...

Entretanto...
Me ative a apenas acompanhar seus movimentos!


Adentrando a vida adulta...

Quando procuravas achar o teu caminho...
Descobrir quem de fato eras...
Desiludindo-se e recusando-se a desistir...

 
Orgulhei-me de ti...



 
Tentei entrar na sua frente...
Quando vi que portas bateriam em sua cara...
Mas...
Me foi recusada essa satisfação...
Me obrigaram a ficar somente à espreita...
Esperando o tempo e a oportunidade...

A qual eu rezava que estivesse distante...


Em sua velhice...

As crianças brincando ao seu redor...
Pedindo colo...
Querendo histórias e biscoitos...
Os almoços de domingo...
As preces de fim de tarde...


 
Estive sempre ao seu lado...
Quando antes de se deitar, olhavas para a estante cheia de fotos...
Pedindo à Deus que guardasse a família ...


Até que um dia...
Pude então te tocar...


Após encerrada a seção...
De uma história muito bem contada e bem vivida...

Numa noite bonita e calma...


 
Beijei-te a face...
Acariciei delicadamente os seus cabelos brancos, até que pegasse no sono...

 
Seguindo o ritmo tranquilo do embalo doce de uma vida plena...

 
Dormiste em paz.




 

Tenho agora que dizer que fui feliz!

Sei que não era este meu papel em sua narrativa...
Mas não tinha como evitar...
A moral me obriga a admitir...
Eu fui feliz!...

 
Apenas em te observar...

Minha função era te aguardar...
Te arrebatar...

No entanto...
Sinto que de algum modo...
Acabei por te proteger e resguardar...

Quando perigos lhe rondavam!

Se tivesse eu um coração...
Se ao menos tivesse peito...
Uma caixa torácica mesmo que vazia...

 
Me arriscaria a dizer...
Que cheguei mesmo...

 
A te amar!


Simone Tavares

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Quem sou eu....



Hoje sou em ti e para ti...
Apenas uma pequena parte daquilo que um dia serei...

Hoje um botão...
Quem sabe um dia uma flor?!

Uma erva daninha...
Quem sabe um dia...
Reconhecida como especiaria que dá sabor?!...
Readentrando em ti para lhe trazer tempero...
Tirar o amargo da boca e deixar-te um gosto bom?!

Um tropeço...
Quem sabe um dia um caminho?!

Um pesadelo...
Quem sabe um dia...
Um sonho bom?!


Uma rosa repleta de espinhos...
Sangrando pelas raízes...
Contaminando solos...
 

Talvez um dia...
O adubo...
Um esterco fertilizante...


Sou aquela que te desespera...
E pela qual você tanto espera...

Sou a duna maldita que te faz comer poeira...

Sou o barranco que te soterra...

Sou a asa quebrada que te impede de voar...
 


Sou a ferida que purga...
A causa de você mancar...

Sou a catarata que te causa embaço...
Trazendo-te embaraço...

Sou o avião que te leva ao chão...
A doença contagiosa...
Para a qual não existe cura...

Sou o ódio...
Quem sabe um dia o perdão?!

Sou o rouxinol que te seduz e prende ao ninho do João-de-barro...

O ar que te sufoca...
A prisão que te liberta...


Sou mágoa...
Sou bondade...
Sou raiva...
E também piedade...


Sou a revolta e a paciência...

Sou a ingratidão e a consideração...

Sou um apelo de amor...
Ou um grito de dor?!...

Sou o apito inaudível...
Que nem mesmo os cães escutam...

Sou o pedido de socorro...
O ouvido medroso...

As costas e o abraço...

Sou sucesso e derrocada...


A sorte e o revés...


Sou o pássaro que mal escapou da gaiola e não tardou a ser almejado...
Servido à mesa dos mais necessitados...
De amor...
Compreensão...
E punição...


Sou a guerra e a destruição...
A paz e a redenção...

Sou a ganância...
A perdição e a vaidade...

Sou filantropo...
Represento o greenpeace e sou membro da ONU... 

Sou você...
Sou eu...
Sou aquele que acaba de dobrar a esquina...

Sou seu passado...
Presente em seu futuro...

Sou mãe...
Sou madrasta...

Sou Penélope...
Sou Aquiles...

Sou a tempestade que destrói sua casa...
O construtor que te ajuda a se reerguer...

Sou as águas calmas e também os maremotos...

Sou a batalha e a bandeira branca...

Sou teu filho e teu pai...

Sou tua esposa...
Sou tua amante...

Sou noviça e meretriz...

Sou o cone e o escudo...
O acidente iminente...
A adaga...
O punhal e a espada...

Sou o sangue que te escorre...
A atadura que o estanca...

Sou a parteira cuidadosa...
E o diabólico açougueiro que te deu cabo ainda no ventre...



Sou a dívida e a cobrança...
A proeza e o prêmio...


Sou a gula e a fome...
A lágrima e o lenço...
O chão e o lençol...
A presa e o cão...
A tristeza e a satisfação...


Sou a alma que te incendeia e te embala...
O sopro da morte que te abala, amedronta e consome...

Sou a injustiça e a indulgência...

Sou a fratura e a calcificação...
O corpo vivo de onde brotam os vermes...


Sou a escopeta desmontada...
Cujas partes guardas na caixinha de música junto a foto de tua mãe...

Sou o paradoxo incoerente...
Escondido em sua mente descrente...

Sou a discrepância dos átomos emaranhados as células de sua natureza...
Encarnada em sua ações...
Passivas...
Tão pacíficas e cruéis...

Sou passional...
E também racional...

Sou a água que te leva à vida...
Lavando-te de tudo que não lhe é inerente...
Te afogando em pranto...
Te obrigando a renascer...

Sou a seca que te inutiliza as sementes...
Cozinha os miolos...
Que te faz ajoelhar em prece...
E mesmo assim...
Perder a colheita...

Sou a menina a que um dia seguiu na rua, desrespeitando com palavras indecorosas...
A mulher a quem protegeu...
O garoto que em um malfadado dia esbofeteou sem causa ou motivo algum...
O homem a quem perdoou e deste nova chance...


Sou aquele que você salvou...
A vela que você soprou...
A lâmpada que te acendeu...
O interruptor que um dia te apagará...


Sou seu câncer e sua cura...
A seta e o ponteiro...
A balança e a ilusão...

Sou quem nem sempre lhe dá o que desejas...
Bom pra ti, que sempre foste imprudente...

Sou o giz que se quebra ao encontro da lousa...
A caneta e o tinteiro...
O punho e o papel...

Sou a agonia diante da ignorância...
Apenas um pastor repleto de ovelhas...
Dóceis e sujeitas a tudo!

Enviei-te uma bóia e a deixaste escapulir...
Mandei-te aviso por uma pomba e esmagaste seu crânio...


Me conhecem como VIDA...

Mas...
Me apresento a ti por hora...
Como vitória e derrota...
Cegueira e visão...

Saibas que sou carinho...
Mas nem sempre compaixão!

 
Simone Tavares

A beira da estrada


A beira da estrada eu vi o tempo passar...

Árvores caírem após atingidas por raios....

Grandes caminhões, que ao trafegar pelo local, faziam trepidar o chão...
Rachando o asfalto...
Abalando antigas e imponentes estruturas rochosas, fazendo-as desabar por terra...
Desestruturando tudo o que levara anos para ser construído...
Desencadeando o aparecimento de imensas crateras...
Que engoliam tudo ao seu redor!


A beira da estrada...

Bebi da água do cacto....
Comi sementes sem gosto...
Engoli abelhas...
Fui picada por serpentes...

Auxiliei...

Atrapalhei...
Me perdi...
Me encontrei...

Fui placa...
Fui pedra...
Brisa...
E tempestade de areia...

Tive sede...
Encontrei um poço...
Espalmei as mãos...
Me agachei...
Me afoguei...


Sob o sol escaldante...


Minha pele ardia....
Minha alma ressecava...
A saliva grossa empapada na boca....
Fazia as palavras saírem ásperas...


De quando em quando...

Uma delicada garoa...
O doce do mel...
Um beija-flor no ninho...
O cheiro da terra molhada...
Uma árvore...
Uma sombra.

O vento trazia um aroma de flor...
A noite era estrelada...
E a lua cheia preenchia o vazio...
Sem nuvens a seu redor a lhe encobrirem o vigor...
Plena...
Vizível...
Absoluta!...
Bucólica, como se deve ser nos maiores retratos do romantismo consistente!

No mais....
Tudo era desolação!

O horizonte distante...
A estrada interminável e deserta...

Os poucos passantes, de olhar vazio...
Que não tinham rosto...
Que não tinham alma sequer...


Só me davam informações truncadas...
Que mais e mais me desviavam do trajeto...
E enviavam-me à meu destino.



Simone Tavares.

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