O matuto é que é feliz...
Alienado em sua inocência.
Acordando com o canto do galo,
Bebendo leite fresco,
Lidando com a terra,
Respirando ar puro,
Praticando a boa vizinhança,
Dormindo com a janela aberta,
Exceto em noites de lua cheia, pois o lobisomem pode aparecer.
Até mesmo seus temores são mais belos:
Iara, Saci, Mula-sem-cabeça, Caipora e tantos outros, que a muito habitam seu imaginário.
Casa simples e aconchegante, sem as parafernálias que hoje nos escravizam e sem as quais julgamos não poder mais viver.
Comidinha boa, feita a lenha com carinho e paciência, nada destes hambúrgueres rançosos que só nos fazem engordar, fast food para eles é palavrão.
Paisagem bucólica a sua porta, cheia de verde e vida, canto de pássaros, mugidos e cacarejos, sem a vista fria e disforme de arranha-céus e poluição, onde o som que predomina é o das buzinas e britadeiras...gritos e desatinos causados pela correria da vida moderna.
As visitas recebidas calorosamente, com broa de milho feita em casa e café passado na hora, nada de olhar pelo olho mágico e mesmo assim...abrir a porta com desconfiança e medo.
Reunião de amigos a noite, em volta da fogueira, tirando prosa gostosa do violão, muito diferente do zunido sem letra e sem sentido das raves ensurdecedoras...que muitas vezes...só trazem mais confusão a cabecinha já confusa de "alguns" jovens!
Pescaria a beira do rio contando causos divertidos sobre botos e peixes de cem quilos que deixaram escapar pois a linha se rompeu...fato acontecido num dia em que um deles se encontrava ali, sozinho...ali...exatamente naquele mesmo lugar! Causo finalizado com um tapinha nas costas e uma risadinha descrente dados pelos amigos.
É...
Vida boa sem stress!!!
O matuto...
Que por muitos é depreciado...
Este é que sabe viver!
O capial, que passa a perna no urbanista metido a esperto, que se acha malandro...
Que vive a sabedoria da terra e dá valor a experiência dos mais velhos!
Que com a maior cara de sonso, é capaz de convencer um cego de que ele precisa de óculos para míopia.
E que mesmo trabalhando de sol a sol...aproveita a vida de forma muito melhor do que os que estão no ar-condicionado o dia inteiro, e depois têm que enfrentar o trânsito e a violência das grandes cidades, muitas vezes, tendo de rezar ao sair do trabalho para chegarem vivos em casa.
É....
O matuto é que é feliz!
Vivendo na tranquilidade almejada por tantos!
Dentro da paz e quietude que muitos almejam...e que não há dinheiro ou poder que possa comprar.
A paz que só se encontra no valor aquilo que é singelo e puro...na simplicidade d'alma, que os dito em progresso, perderam no caminho do crescimento meramente material...esquecendo-se de que,o que vale de fato, para uma boa qualidade de vida...é o bem externo...vir também, acompanhado da paz interior!
Simone Tavares
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