Quando avisto o sol a pousar por de trás dos montes,
Recordo minha infância.
De minhas leituras de Heidi, Pollyana, Memórias de um Cabo de Vassoura, Confissões de um Vira-lata...
E de tantos outros que me embalaram a época da inocência.
Do trem que eu gostava de espiar ao longe,
Sentada sozinha nos fundos da casa.
Quando todos achavam que eu estava triste...
Mas na verdade, estava apenas a observar, refletir e meditar
Uma meditação muda de idéias
O pensamento voando não sei pra onde
Buscando não sei o que.
Ali não havia tristeza, sofrimento, dor ou pranto.
Era apenas uma viagem interna
Um gostoso olhar pra dentro
Lançando mão da paisagem externa de vastidão, a minha frente apresentada.
O horizonte tão próximo, onde deitava a linha férrea
Por onde passava a máquina cujo som me faz bem até hoje.
Este som me remete a uma lembrança que não tem figura
Apenas a sensação de extrema paz e ventura
Como a me lançar um perfume de harmonia vivida e jamais esquecida.
História que os olhos do cérebro são incapazes de formar imagens
Mas os olhos da alma, teimam em fazer um filme.
Minha infância nunca perdida...
Deixou em mim os traços da molecagem e da gaiatisse
O sorriso maroto que mostra uma garota sapeca
A alma de menina que teima sempre em dançar e cantar...
Girar sem pudor e brincar de amor!
Simone Tavares
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